sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SEXUALIDADE INFANTIL E O PAPEL DO PROFESSOR

INTRODUÇÃO         

                          Este trabalho aborda a importância da ação do professor nas manifestações sexuais da criança nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tendo em vista que a atual geração da sociedade é bombardeada pela estimulação precoce à erotização, o que vincula a falta de uma educação voltada à questão da sexualidade, é comum depara-se com meninas e pré-adolescentes grávidas precocemente, quando não, uma imensidade de jovens que contraem doenças sexualmente transmissíveis, e conseqüentemente se deparam com situações de escarno, a margem de exercerem sua cidadania de forma plena.
                            O ensino das Ciências Naturais, especificamente na dimensão da sexualidade objetiva esclarecer por um encaminhamento pedagógico questões relacionadas ao sexo, livre de preconceito. Este é um tema que trata de dúvidas sobre preservativos, DST, organismo masculino e feminino, anticoncepcionais e gravidez, mas, sobretudo ao enfocar a questão da sexualidade infantil deve-se considerar o sentimento, comportamento e desenvolvimento sexual das crianças.
                           Mediante a situação da sociedade descrita acima, a importância de abordar este assunto nos Anos Iniciais é de fundamental importância, pois é nesta fase que a criança desperta curiosidade em compreender o sexo oposto, bem como surgem às perguntas relacionadas às diferenças existentes nos genitais, como nascem os bebês, etc. Em suma, objetivo principal da educação sexual é preparar as crianças e adolescentes para a vida sexual de forma segura.
 

SEXUALIDADE INFANTIL E O PAPEL DO PROFESSOR

                            A sexualidade, elemento da essência humana, coevo em várias dimensões representativas, designa predisposições ou experiências sexuais, na descoberta da sua identidade e atividade sexual. Fisiologicamente falando, sexualidade é a aptidão inata que se tem por um parceiro do sexo oposto, tendo como alvo a união dos órgãos sexuais, visando à reprodução da espécie; em uma percepção psicológica, sexualidade conota um conjunto de atividades que, objetivam adquirir prazer. Os parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 117) definem Sexualidade como algo que:
(...) tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento. Além disso, a sexualidade construída ao longo da vida encontra-se necessariamente marcada pela história, cultura, ciência, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito.

                           Segundo o Art. 2º – Estatuto da Criança e do Adolescente, em bases teóricas, a sexualidade, tem seu principio na à puberdade, o ocorre por volta dos 12 anos de idade. As contribuições do psicanalista Freud a cerca da sexualidade humana e da sexualidade infantil, tonaram mais compreensíveis esta organização em cada individuo. Para ele, "todos os impulsos e atividades prazerosas são sexuais, porque a seu ver a “sexualidade" é algo inerente, que se exprime desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento." Com isso, comprova que "a sexualidade humana não se liga à genitalidade e que se organiza a partir de operações psíquicas."
                            Foucault, através de um estudo historiográfico, ratifica que a sexualidade das crianças e particularmente dos adolescentes, é preocupação escolar desde o século XVIII, quando esta questão tornou-se um problema público. As sociedades antigas compreendiam que na infância não existia a pulsão sexual, estas só era despertada no período da vida designado de puberdade. Este um equívoco que trouxe graves conseqüências no decorrer da formação humana e social. Após as descobertas de Freud, a sociedade, vem em um processo de refinamento dos conceitos e evidencias da sexualidade na formação do ser humano como pleno, assim a sociedade do vigente momento percorre um caminho de familiarização e compreensão das diferentes formas de expressão da sexualidade infantil. Desta feita a escola como instituição escolar com a obrigação de formar plenamente os cidadãos deve-se constituir espaço legítimo e formal para a discussão dessa temática no contexto atual contemporâneo.
                           Portanto, em primeiro plano a sexualidade trabalhada na dimensão escolar remete-se à compreensão de que ela não é apenas uma questão pessoal, mas é social e política, pois afirma Foucault, que esta é um "dispositivo histórico”, ou seja, uma invenção social de discursos que regulam, normatiza e instaura saberes, que produzem "verdades". Sua definição de dispositivo sugere a trilha de um trabalho sistêmico e atuante:

“Um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas (...) o dito e o não-dito são elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode estabelecer entre esses elementos” (Foucault, 1993, p.244).

                            Diante do exposto, a Educação sexual não significa apenas passar informações sobre sexo, é, sobretudo o contato pessoa/pessoa, na transmissão de valores, atitudes, comportamentos, que de acordo com o PCN´s o processo de intervenção pedagógica no coletivo discuti e oferece critérios para discernir comportamentos, eleger valores em dimensão pessoal e social, com eixo na reflexão. Assim a orientação sexual implica num mecanismo mais elaborado, segundo o qual, baseando-se em uma metodologia de práticas de analise e discussão.
                           O papel que o professor exerce é de extrema relevância na sexualidade da criança, orientando-a no dia-a-dia, submetendo-os a momentos de reflexão séria sobre, entre outras coisas, seus comportamentos.

possibilitar as discussões das emoções e valores” (TELES 1992).

                           O tema deve ser abordado com espontaneidade, por intermédio de aulas planejadas e organizadas, debatendo várias informações em diversos suportes. São exemplos de encaminhamentos pedagógicos: projeto sobre o assunto, boas atividades sugeridas em livros didáticos, pesquisas, exibição de vídeos, confecções de cartazes, panfletos, etc. Todo trabalho deve origina-se da conversar com a turma, fazendo o levantamento prévio do que os alunos já sabem e do que necessitam aprender, suas curiosidades, suas dúvidas, interesse no tema, etc. O desenvolvimento deste trabalho deve ser interdisciplinar, promovendo o sentido crítico, a autonomia e a responsabilidade. Os conteúdos a serem trabalhados estão dispostos em blocos: Corpo: matriz da sexualidade, Relação de gênero e Prevenção às doenças Sexualmente Transmissíveis/ AIDS.
                        A distinção entre os conceitos de organismo e corpo vão além de informações de anatomia e funcionamento, assim fazem parte deste bloco os conteúdos como: transformações nos corpos em diferentes fases da vida, mecanismo de concepção, respeito ao próprio corpo, fortalecimento da auto-estima, etc. Em relação aos padrões de comportamento dos gêneros construídos a partir de diferenças biológicas enfocam: diversidade de comportamento em função de épocas e locais, relatividade das concepções tradicionalmente associadas ao masculino e ao feminismo, o respeito aos outro sexo e as variadas expressões de feminismo e masculino. Os principias conteúdos a serem trabalhados no bloco de Prevenção procuram erradicar as informações errôneas e equivocadas sobre o assunto, o enfoque recai em: conhecimento de existência de doenças sexualmente transmissíveis, compreensão das formas de prevenção, recolhimento, analise e processamento de informações sobre a AIDS, repudio a descriminalização em relação a portadores de AIDS e o respeito e a solidariedade a portadores de HIV.
                           Pautados nestas concepções foi realizada uma pesquisa com professores da rede pública que teve como alvo levantar questionamentos e ampliar o leque de conhecimentos acerca de como as séries iniciais do ensino fundamental se relaciona com a temática sexualidade. A pesquisa constatou que a maioria dos professores não se sentem com segurança para ministrar conteúdos deste bloco tendo em vista o ainda existente preconceito por parte dos pais dos alunos e a falta de capacitação nesta área. Leia a reposta de umas das professoras ao ser questionadas cerca de como trabalha a sexualidade em sala:

“Trabalhar com a questão da sexualidade é muito complexo tendo em vista a grande banalização do erotismo ocorrida pela mídia e meios de comunicação, são músicas com gestos promíscuos, letras detrativas, com teor de sexo implícito. Diante disso crianças são submetidas a uma cultura onde a sexualidade denota poder de comando e autoridade. Na sala quando as manifestações são feitas com intenção obscena abro uma roda para o diálogo e questiono a origem de expressões e gestos usados ocasionalmente. Então defendo a descrição biológica dos processos, enfocando os valores que a sociedade hoje aponta como corretos, e outros como ultrapassados”
              Professora dos Anos iniciais da cidade de Gameleira PE.

                            Consoante a este depoimento vemos como a mídia tem influenciado cada vez mais cedo as crianças a desenvolverem posturas precocemente em relação ao sexo, e isso tem causado uma construção equivocada acerca de sexualidade, o que remete no como abordá-la pedagogicamente em sala, uma vez que o que se debate em sala é desconstruído pelos meios de comunicação. Outra professora da cidade de Palmares, estado de Pernambuco deixa evidente sua principal dificuldade nos encaminhamentos acerca da temática:

“A grande dificuldade que por ter uma consciência e vivências sexuais precoces às crianças de tendem a procurar a seu jeito um caminho a seguir, experimentam, usam e depois conversam sobre o assunto com os colegas, e é basicamente ai, quando entra o professor em cena, com as inusitadas declarações em sala. Que por muitas vezes não dispõe de uma formação na área, e falta ação, a fim de correr atrás do prejuízo causado por frustrações e falta de conhecimentos. Procuro tratar o tema naturalmente sempre aproveito as curiosidades, para não cair na teia descrita acima, prefiro ser aberta ao tema com certa cautela, do que presenciar meus alunos sofrerem uma má formação, que acarretará sérios problemas para o resto as vida.”
Professora das Séries Iniciais da cidade de Palmares PE.


                           Sem dúvida um dos principais requisitos ao se trabalhar a orientação sexual em sala é a pesquisa e a disposição em aprender, pois se há falta de formação nesta temática, cabe ao professor empenhar-se em desenvolver bem sua função de ensinar. Este ensino como orienta os PCN’s deve pauta-se em valores e comportamentos individual e coletivo, embasado no diálogo livre de visão ambígua que comprometa a integridade da formação do cidadão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

                         Após a conclusão das pesquisas realizadas, tanto de cunho bibliográfico quanto de coleta de dados, vemos que o tema Sexualidade ainda esta longe de ser um assunto presente no cotidiano escolar por parte do professor, percebemos que muitos abordam o tema quando são expostos a situações que exigem uma explicação sua, são unânimes ao se justificarem com a falta de capacitação, contudo acreditam na necessidade de uma nova postura de ensino que levem a uma transformação da sociedade atual, corrompida pela banalização do erotismo vinculado pelas mídias. E que para tal é preciso, assim como os documentos oficiais do Ministério da Educação ponta um diálogo aberto, livre de tabus e preconceitos.


REFERÊNCIAS

Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual – Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries) – Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC / SEF, 1996.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996.

Cabral, Gabriela. Educação Sexual. Disponível em: http://www.brasilescola.com/sexualidade/educacao-sexual.htm Acesso em 22. Out. 2010.

Silva, Kelly Cristina. As Implicações da Sexualidade Infantil e Orientação Sexual nas Instituições Escolares. Disponível em: www.webartigos.com.br Acesso em 26. Out. 2010.

 

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